NOVO PNE EM FOCO

Uiramutã defende educação indígena, inclusiva e de qualidade no Fórum Estadual em Boa Vista

BOA VISTA (RR) – O futuro da educação brasileira começa a ser redesenhado a partir de um encontro estratégico que ocorre esta semana na capital de Roraima. Entre os dias 24 e 27 de junho, o Eco Hotel sedia o Fórum Estadual de Educação, reunindo mais de 60 representantes municipais de todo o estado. O objetivo: ouvir, planejar e propor diretrizes que vão nortear os próximos dez anos da educação brasileira, por meio do novo Plano Nacional de Educação (PNE).

Entre os participantes, o município do Uiramutã – localizado no extremo norte do Brasil, em uma região de difícil acesso e com predominância de comunidades indígenas – marcou presença com uma comitiva liderada pelo secretário municipal de Educação, Damázio de Souza Gomes, e composta por técnicos da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto (Semecd).

O encontro representa um momento decisivo para que as realidades locais, muitas vezes invisibilizadas nas grandes políticas públicas, ganhem protagonismo. Os debates giram em torno de eixos temáticos que tratam da valorização dos profissionais da educação, infraestrutura escolar, financiamento, acesso à educação básica, inclusão de comunidades indígenas, quilombolas e rurais, além da promoção da equidade.


Do local ao nacional: escuta ativa e construção coletiva

Durante os painéis, os secretários e técnicos educacionais compartilham os principais gargalos enfrentados por seus municípios – desde a falta de internet e transporte escolar, até a escassez de recursos humanos qualificados nas áreas remotas. O que for definido no Fórum será incorporado ao novo Plano Estadual de Educação (PEE) e, por sua vez, encaminhado ao Ministério da Educação (MEC) para compor o Plano Nacional de Educação (PNE), com validade de uma década (2025–2035).

Damázio Gomes destacou que a participação do Uiramutã vai além de representar números em uma planilha. Ela carrega consigo o compromisso de garantir que cada aluno, mesmo nos rincões mais distantes, tenha acesso ao ensino com dignidade e qualidade.

“O Uiramutã tem especificidades culturais, geográficas e sociais que precisam ser respeitadas. Temos mais de 90% da nossa população pertencente a comunidades indígenas. Não podemos aceitar um plano nacional que não leve em conta nossa realidade única”, declarou o secretário durante uma das sessões.


Educação indígena no centro do debate

A comitiva do Uiramutã apresentou como uma de suas principais contribuições ao plano estadual a ampliação das ações voltadas à educação indígena bilíngue e intercultural, com formação específica para professores que atuam nas comunidades. Também foi reivindicado o fortalecimento de programas que combatam a evasão escolar, especialmente entre adolescentes e jovens, e a criação de políticas que incentivem a permanência dos estudantes na escola com infraestrutura adequada, merenda de qualidade e transporte seguro.

Além disso, a delegação defendeu a descentralização dos investimentos, garantindo que municípios de fronteira – como o Uiramutã, que faz divisa com a Guiana e a Venezuela – recebam recursos proporcionais às suas necessidades logísticas e operacionais.


Visão de futuro: um plano mais justo e plural

Ao final do evento, será elaborado um documento oficial com todas as propostas debatidas durante o Fórum Estadual. Esse material será encaminhado ao MEC e analisado na Conferência Nacional da Educação, prevista para ocorrer ainda este ano.

A expectativa é que o novo PNE seja um reflexo mais fiel da diversidade brasileira, incluindo as vozes de todos os territórios, especialmente os mais distantes dos grandes centros. A presença ativa do Uiramutã no processo é um sinal claro de que os pequenos municípios estão prontos para contribuir com uma educação mais justa, inclusiva e comprometida com o futuro de suas comunidades.

“Estamos aqui para construir um Brasil melhor, e isso começa com a escuta. O novo plano precisa nascer da realidade, não de uma sala fechada. E nossa realidade está sendo ouvida”, concluiu Damázio.

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