Em uma manhã de abril marcada pela troca de saberes, a comunidade Macuxi de Monte Moriá I, em Uiramutã, recebeu uma exposição científica que transcendeu os limites da sala de aula. Estudantes da Escola Municipal Indígena Cícero Canuto de Lima apresentaram dez projetos que conectam práticas culturais tradicionais à pesquisa científica, reafirmando a importância da educação intercultural.
Ao lado do malocão da comunidade, cerca de 11 quilômetros da sede do município, os alunos compartilharam experiências que envolvem letramento na língua materna, artesanato, agricultura tradicional, pesca, culinária típica e até mesmo a construção de maquetes da própria comunidade utilizando materiais recicláveis. A professora Leny Costa destacou que o projeto também enfatiza a importância da preservação ambiental, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, cujo projeto-piloto está sendo conduzido em Uiramutã.
A gestora da escola, Karla Rodrigues, ressaltou que a ação promove o fortalecimento da identidade indígena por meio da educação. Segundo ela, a exposição também teve caráter preparatório para a feira de ciências prevista para ocorrer ainda este ano. O evento contou com a presença de autoridades locais, como o prefeito Benísio Rocha e o secretário municipal de Educação, Damázio de Souza Gomes, que elogiaram a iniciativa como um reflexo do compromisso com o fortalecimento do ensino indígena.
Com 174 estudantes matriculados do 1º período da Educação Infantil ao 9º ano do Ensino Fundamental, a escola Cícero Canuto de Lima atende a uma comunidade de cerca de 490 moradores, todos da etnia Macuxi. A exposição científica não apenas celebrou a riqueza cultural do povo Macuxi, mas também evidenciou o potencial transformador da educação que respeita e integra saberes tradicionais.